"Apesar de ter Jesus sofrido voluntariamente tudo o que sofreu para entrar na sua glória, contudo o modo como ele soube sofrer é um modelo para todos os sofredores. Não sofre com covardia, como os fracos, nem com jactância, como certos heróis, ou pseudo-heróis da humanidade, que desafiam os martírios e a morte. No Getsêmani, o seu Jesus humano pede ao Cristo divino que, se possível, faça passar aquele cálice amargo - mas logo se entrega totalmente, à vontade superior do seu Cristo divino. No Gólgota, por um momento, o seu ego humano clama em altas vozes: 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?' - mas logo o seu Eu crítico se resigna e murmura serenamente: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito'.
Ele sofre como o mais humano dos homens, porque era integralmente humano no seu Jesus, e integralmente divino no seu Cristo. (...)
Ser tentado a revoltar-se contra o sofrimento é humano - deixar-se derrotar pelo sofrimento é deplorável.
Toda a serenidade no sofrimento depende, em última análise, da visão da nossa existência total, cuja falta dificulta e mesmo impossibilita a compreensão da tarefa evolutiva do sofrimento."
(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 47)
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